2/28/06

...E passo a ler a resposta da Marta ao post anterior:

"Bom dia, esta sms é top secret. De forma alguma o teu pai terá acesso a ela. Faz as malas e vem pra cá! Hoje tá o homem da máquina de lavar, amanhã o homem do gás e com sorte ainda vês o canalizador. Chega de te esconderes! "

Tradução: F"#@#***!!! Já começaram a m*##@ das obras cá em casa. Tenho um rolo de tinta a mais. Não queres mexer esse cú e vir dar uma ajuda?!!!

2/25/06

S.O.S.

Pssst...Pssst... Está aí alguém?!
Posto-vos a partir do meu quarto. É sempre a mesma coisa. Cada vez que os mocinhos do hipermercado vêem trazer as compras, o meu pai tranca-me no quarto. Não sei se ele terá medo que lhe levem a filha juntamente com a gorja para o café... Não sei se ele tem medo que...aqueles braços suados e músculos vincados de trazer caixotes até um quarto andar sem elevador...aqueles peitorais insuflados pela respiração ainda descontrolada, aqueles cabelos negros desalinhados, aquelas t-shirts alagadas que remetem para um mr. t-shirt molhada...aquele sotaque de malandro brasileiro...ou aquele charme de bioquímico ucraniano...bom, não sei se é isso. Seja como for...é sempre esta pouca-vergonha!!!! Daqui a pouco estou nos 30...c'um a breca*! Segunda-feira vem cá o electricista. Posso até visualizar a minha manhã!!!
É. Tenho de me mudar rapidamente para casa de uma amiga solteira. Assim como assim, se a Marta abre a porta ao homem do gás em roupão, eu posso pelo menos dizer-lhe 'Bom dia'. As pessoas...só maldade, naquelas cabeças.

* expressão e respectiva entoação emprestada ao personagem guarda Serôdio da Série 'Amigos de Gaspar'. Note-se como todo o tom deste post...todo ele...inclusivé esta expressão, dá conta da relação profundamente neurótica e de falso recalcamento que a hipócrita autora estabelece com as figuras de autoridade e de ordem moral. Vide a título de curiosidade a História 'Rapunzel' e já agora recorde este fim de semana o filme 'Top Secret'. Nada que esteja relacionado com este post...mas é giro.

2/24/06

Ele-há certos tipos de fé qu'emocionam a gente.

As luzes artificiais e o som electrónico diluiram-se no ambiente, agora mais aproximado do dia-a-dia. Agora ouviam-se conversas, aquelas que a música mascarava sob gestualidades que à distância pareciam mudas. O entorpecimento alcoólico generalizado daquele final de noite imperava nos discursos alheios, conforme íamos avançando para a saída. Enquanto o segurança nos acompanhava até lá, nada sensibilizado pela chuva quase- tropical que se tinha abatido nos últimos 10 min ou do mal que aquilo faria aos ossos dos seus clientes, havia quem se debatia com outras guerras e afirmava:' "Foi tudo armado!! Tudo montado!!" E claro está, havia quem anuísse :'Pois foi...Pois foi', com aquela moleza típica de quem não está para iniciar uma discussão às 05.30 da manhã. Ora no meio deste enquadramento que se vos afigura ouve-se alguém erguendo a mão ao peito e que, contra ele batendo, afirma em plenos pulmões e em tom camoniano (aquele que eu associo ao poeta zarolho, declamando do alto de toda a sua faringe, a odisseia portuguesa para a Corte):"- Eu...eu não acredito em Jesus. Eu não acredito em Buda. Mas ACREDITO NO MEU BENFICA!!!!"

Foi Bonito. Eu achei.

2/14/06

Pensamentos à solta...

Isto do dia dos namorados dá que pensar. Não muito. Mas o suficiente para um post. Ocorrem-me algumas ideias:

Talvez neste dia se denuncie (no limite, é certo) aquela velha questão da impossibilidade da amizade entre um homem e uma mulher nos mesmos termos de isenção em que se desenrola uma amizade entre indivíduos do mesmo sexo. Parafraseando esse mestre descodificador da psiqué masculina: "Os homens, nas relações de amizade com as mulheres e mesmo de uma forma subconsciente, precisam acreditar que há sempre uma possibilidade, por mais remota ou disparatada que ela seja, de um dia virem a ter algo muito pouco platónico, com ela", Bidé in Leituras de casa de banho. Nunca tinha acreditado verdadeiramente nisto...[e não me refiro a ler no wc]...até uma certa conversa com um amigo meu:

- Epá...isso da amizade entre homens e mulheres...não sei. Acho difícil...
- Óh! Então queres maior exemplo que nós os dois? Não somos só amigos?!
- Pá...ya. Pelo menos eu tenho tentado.

Aquilo fez-me questionar e coçar longamente o nariz. E hoje, dia destinado aos festejos do cupido, pondero que se de facto fosse possível uma amizade asséptica e assexuada entre homens e mulheres não haveria pudor algum em combinar um café inocente, supostamente tão inócuo neste dia como nos restantes. Porque é que haverá então tanto constrangimento nisto? E digo 'pondero' apenas porque no fundo ainda acredito que tal seja possível. Nem que seja porque tenho cerca de oito grandes amigos-homens e é demasiado angustiante acreditar que olham para mim ou para as nossas amigas comuns de outra forma que não aquela com que os encaramos a eles. Mas não deixo de questionar...não deixo de questionar a regra que existe para além das excepções.
(E persisto em divagações) No dia de S. Valentim, mais do que a triste constantação de que há casais que só se namoram e mimam com a mesma periodicidade com que festejamos o nascimento do menino jesus, revolta-me pensar nesse outro fenómeno paralelo: o fenómeno do 'encalhado'. O encalhado é o gajo que se rebela na sua condição de pessoa solteira mas não o admite. Normalmente neste dia, mais ainda que nos outros 360 e tal, olha com desdém qualquer troca de carinho e corta na casaca de todos os amigos que já casaram ou se amigaram de alguém. Pior ainda se estes de facto estiverem felizes. Normalmente o encalhado ou encalhada escolhe o dia dos namorados para jantar com outros, igualmente encalhados, convencidos que estão de que a sua condição é a melhor de todas. São facilmente desmascarados pelos espaços nocturnos onde escolhem terminar as noites e pelas bebedeiras intimistas que apanham para 'aquecer os seus pés frios'. O encalhado irrita... mais ainda do que aqueles namorados chatos que abusam dos diminutivos queridinhos. O encalhado irrita sobretudo quando se organiza e marca jantares no dia 14 de fevereiro.

Por último, ocorre-me ainda que, com toda a legitimidade que tem comemorar o amor, a implantação da república, o dia da mulher, o dia da criança, o dia da luta contra a Sida, o dia Europeu sem carros, o dia de todos os Santos, o dia do voluntariado, o dia de natal, o dia mundial sem tabaco (recupero o fôlego)...começa a ser refrescante a ideia dos dias em que não se comemora nem se homenageia rigorosamente nada...e que se VIVE apenas (e respiro fundo)

2/12/06

Insights de sábado à noite...

Uns quantos dentro do carro rumo ao último poiso da noite, como sempre aquele espaço antigo que teima manter-se Incógnito. Passávamos em Santos e um nome chama a atenção no meio de uma multidão de adolescentes com as hormonas aos saltos e com algum sangue no álcool:

- Função Pública Bar (Li em voz alta)... Naaaaaaaaaaaaa...este de certeza que fecha cedo!!