11/30/06

Alfama fervilha de genuína criatividade publicitária


ALUGA-SE:
Cochicho deplorável
- Zona de merda (Alfama)
- Infiltrações
- Vizinhança manhosa
- Todo Fodido
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200 Euros !!!!!
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...VENDIDO!


Moral da história: Após grandes sucessos como 'Marketeer' e 'Técnicas de vendas para totós' chega-nos a surpreendente conclusão que a honestidade vende tanto ou mais que umas pernas de um metro e quarenta. Enfim, com o devido respeito ao público-alvo, claro: se o produto fosse fraldas para incontinentes a coisa seria diferente, acho.

11/20/06

Remniscências infantis: os discursos da vida privada.

- Paaaaaa-i??!!

- Sim filhota.

- Posso comer mais um chocolate?

- Não, que isso faz-te mal à embófia.

- À quê...?!

- O pai já explica. Assim que acabar de tirar o azimute àquele baixinho atrevido...

- Hum...?!....Mã-e??!!!

- Sim filha, vai lá. Mas só um porque hoje temos agapitos para o jantar.

- AGAPITOS?!...YEEEEEEEEEAAAAAAAAH!!!!!!


11/13/06

Dos limites conceptuais da Arte OU A arte enquanto objecto eternamente inacabado

Na sequência de um certo concerto Rock, em conversa com um certo guitarrista, um certo baterista, e uma certa fã já encostada às boxs:


- ... Olha lá, não é uma g'anda letra?!..." Teu olhar fatal faz de mim um animaaaal"... È brutal!!!

- Er... Ah. Sim. Eu tinha percebido ...cof cof... "o teu alho fatal"

- (silêncio)

- ...O que fazia algum sentido. O alho dá aquele toquezinho especial... e com uns coentrozinhos então!...

- Hum... (Olhando pensativo para o baterista)... Não sei se não mude a letra.


11/2/06

Da necessária morosidade das coisas...ou um abaixo assinado contra a cultura 'Duh-Uh!'

...Porque até uma boa gelatina, para que fique boa de facto, leva o seu tempo a ganhar consistência. Quanto mais tudo o resto na vida. Rigorosamente tudo. Talvez seja por isso que esta cultura jelly-já, de livros de auto-ajuda-sejafelizemdezliçõesrápidasouésójuntaráguaaferver, a que assistimos me arrepia os cabelos e me deixa as garras de fora.
Viva o grão-de-bico a demolhar, as cicatrizes dos tralhos de bicicleta que demoram a cicatrizar, viva o 'Anna Karenina', as dores de crescimento, a passagem das estações, o ciclo menstrual, a antecipação de um golo, as vacas a pastar no prado, o vinho envelhecer nas pipas, o fumo lento do cachimbo, os fornos de lenha, os ensaios esforçados na garagem, os abraços demorados, o café escorregando cremoso na chávena, as filas de espera para os espectáculos que virão a ser aqueles que nunca se esquecem, viva o tempo das conquistas e o das perdas, viva aos bolos a crescer dentro da porta do fogão...viva a tudo o que demora o seu devido tempo. Viva as coisas da vida que por levarem o seu tempo nos fazem confrontar com a nossa capacidade de resistência e tolerância à frustração. Viva às coisas que nos tornam efectivamente robustos, e não meramente funcionais e imediatos e respondentes. Já não há respeito nem pelo ritmo biológico das coisas...Irra. Que isto está bonito, está. E como se não bastasse...ainda chove!!!!!!