12/28/05

Estágio para a Passagem de ano...

Dizia-me eu ansiosa pelo evento. Ansiosa por cortar com o ritmo de Lisboa e refugiar-me naquele que é o meu paraíso escondido em Portugal com a pandilha de sempre. E ela responde: "Joana...amiga, vai ser de arromba!!!! É para preparar estômago, fígado, e pelo menos um pulmão".
Olhei para a mensagem e pensei: "Raios. Com tantas alternativas...porquê arroz de miúdos?!!"

12/19/05

Pais natais dos trezentos: a problemática realidade VERSUS fantasia (texto estupidamente sério!)

Há coisas que me entristecem. Primeiro foi saber que aquilo da fada dos dentinhos era treta. Soubesse o que sei hoje e tinha-me poupado mais àquela porta da despensa. Depois disseram-me que tinha escolher outra profissão, porque as fadas madrinhas não existiam e mai' não sei o quê!! Só decepções! E para rematar a tristeza no meu coração de criança percebi que não há pai natal porra nenhuma. A desilusão foi atrós. Mas de repente houve coisas que fizeram sentido: é claro que um velhote que prima pelo rigor da indumentária não poderia jamais oferecer-me meias brancas com raquetes. Ali havia dedo da minha avó. A outra decepção foi saber que o look Santa Claus foi "comercializado" por uma bebida cuja principal utilidade é desentupir os canos lá de casa. Esta prostituição natalícia foi mais do que pude aguentar. Então quer dizer que não há renas?! Que não há duendes?! Que a mãe natal mais real que existe é anorécticamente esbelta e usa ligas?! Será que mete os dedos à boca depois de engolir um sonho ou uma azevia??!!

Quando era pequenina estava perfeitamente convencida que receber prendas dependia de uma reuniãzinha entre o menino jesus e o velhote simpático de barbas. Sempre achei no entanto que, dado o volume de presentes e a acuidade com que eram escolhidos só podiam indicar uma coisa: estavam mal informados a meu respeito.
Mas a questão de fundo aqui é que se a desilusão e o confronto com a realidade pode ser uma fase chata para as crianças quando surge, o que é certo é que esse mundo imaginário deve ser mantido e respeitado até lá. São anos mágicos que promovem a fantasia e a elaboração saudável das emoções, contribuindo também para gerar adultos saudáveis, com a capacidade de criar, imaginar, fantasiar, projectar-se em concretizações futuras.
Nos dias de hoje, isto aparece altamente sabotado. Existe uma cultura dominante que injecta a realidade a seco nas crianças não respeitando que são seres em desenvolvimento e que a fantasia é na realidade algo muito sério porque as ajuda a configurar abstractamente um mundo que ainda não estão preparadas para comprender e assimilar tal como ele é. É preciso tempo para crescer. É preciso fantasiar para crescer. E ainda que este não seja o melhor exemplo para materializar esta questão (haveria milhares de outros mais pertinentes) tornou-se há muito ridiculo este culto comercial à volta da figura do pai natal.


Bolas, eu adorava o velhote e agora não posso nem vê-lo. Por Lisboa inteira há uma média de 2 pais natais por prédio a fazer rappell. Há pais natais a distribuírem panfletos de cursos de informática. Isto já para não falar que no metro esbarramos com um e logo de seguida com mais dois no centro comercial. As crianças não são burras. Tudo bem que desde a Dolly (e sabe Deus como estas crianças de agora são precocemente informadas) elas ainda poderiam pensar em clonagem mas não as ofendam, pela vossa saúde.
No outro dia vi uma moça..uma profissional do sexo...vestida de mãe natal e com uma mini saia vermelha do tamanho de um cinto! Mas o que é isto? ... Estão a matar os ícones infantis sem dó nem piedade!...

Resumindo, onde é que há espaço para mostrar às crianças que a princípio do natal está em descobrir que parte do Sentido da Vida é perceber que é muito mais gratificante dar qualquer coisa de si do que receber seja o que for? E não, não estou a falar dessas mães-natal dadas ao disfrute. Algures no meio disto este princípio diluiu-se. E de uma forma muito estranha acabam por ser os filmes infantis de natal que, com todos os defeitos que possam ter, ainda vão recuperando este sentimento e devolvendo-o a quem de direito. Talvez o maior falha de todas esteja presente naquela célebre frase que tanto se ouve por aí: "O natal é para as crianças, para nós já não tem piada". E acho que o problema reside todo neste princípio fatela. Com o tempo acabarão por envenenar a época e fazer as crianças interiorizar que... sim, o Natal é uma época de prendas mas que os adultos querem hipocritamente fazer crer 'até eu ter 1 metro de altura' que é um gajo bêbado vestido de vermelho que desce pela chaminé para entregar presentes que 'eu nem sequer me esforcei por merecer'.
Eu no fundo adoro o Natal. E o meu problema é precisamente todo esse. Mas o natal não é nada disto que se vê por aí...


12/18/05

Poemática chunga de Inverno!!!

Porque esta época também inspira o amor.
Quero que escrevas sem med'e
algures numa pared'e
"mexes-me com o hormonal
fónix...amo-te Alfred'e"
E o Inverno é frio
...e o c#***lho.
já agora passa pelo Ramalho
que esse c**#ão ainda tem o meu
cachecol.
FIM.
Nota de rodapé: Em relação ao desafio blogueiro abaixo, devo dizer que os nossos antepassados rabujentos devem estar a dar voltas na campa. A rabujice está pela hora da morte. Até ao momento só tenho duas contribuições valiosas para esta iniciativa. Mas pronto. Até ao final da semana conto com o vosso mau feitio na minha caixa de correio. Pai, sobretudo nesta época festiva, perdoa-os...se puderes.

12/2/05

Carta a quem tiver pachorra para me ler acerca da criação do ' Mas isto é o da Joana ou Quê?!!! Epá...por acaso até é.' Desafio blogueiro no final.

Desde já me desculpem a colagem a esse célebre títalo da nossa literatura ‘Carta a Adolfo Casais Monteiro acerca da criação dos Heterónimos’ por Fernando Pessoa mas isto de arranjar títulos anda pela hora da morte e o meu dealer habitual no mercado negro anda há muito engripado e desaparecido. Coitado. Eu sempre lhe disse que andar nas esquinas e ruelas de Lisboa a vender escrita dos trezentos a plagiadores não lhe ia dar muita saúde. ‘Ainda por cima o Inverno anda aí’- Disse-lhe eu. E acrescentei ‘ó Margarida, porque é que não te deixas desta vida e publicas umas coisinhas? Assim como assim, ninguém há-de reparar’ Isto já foi há uns tempos e o que é certo é que nunca mais a vi. Desde então tive que levar com uma tal de Ictalina (é o nome dela). Mas não gosto tanto do estilo. Falta muito. Está sempre doente. E com fornecedores assim, um blog não anda para a frente, bem entendido. Enfim o tráfico de escrita está a dar as últimas. Qualquer dia alguns de nós na blogoesfera terão de começar a pensar a sério em escrever coisas originais.

Mas já me alonguei. Acerca da génese deste Blog: julgo que tudo terá começado andava eu ainda fraldas meu querido leitor. Diz a minha progenitora que era frequente no alto do meu andar desengonçado e tropejante exclamar em ar afirmativo ‘Não pode ser!!’. Três anos e já tão mau feitio. Enfim, isso...as pernas tortas e o pé-chato não contribuíam para andar bem disposta. Aposto que era o orgulho dos meus paizinhos apesar de tudo. E não, não lhes vou atribuir a responsabilidade genética. Coitados. Não. Já então era visível que o mérito era todo meu.[ Pausa considerável para entrar batatada entre Behavioristas e Inatistas na caixa de comentários] Depois cresci e sucederem-se vocalizações com elaborações cognitivas subjacentes já mais elaboradas como o ‘Hunf!’, ‘Pois pois’, ‘Está-se mesmo a ver’ e uma que me é particularmente querida mas que infelizmente caiu na boca de toda a gente da pior forma que é o ‘É que é já a seguir. mãe!’. Esta grande tirada surgiu na fase pós-púbere quando os meus pais perguntavam ‘Já vais sair???!!!...E quando é que vens?’ E eu lá respondia. Mas não se consegue enganar os pais muito tempo, nem que seja porque são eles que pagam a mesada...ou não.

Fiz tudo aquilo que por norma não é imputável ao sexo feminino num jardim infantil: puxei namorados abaixo do metro e meio pelas orelhas, não acatava um único desaforo feito a quem me era próximo. Ainda me lembro aliás da rotação de 480º graus que uma estalada minha provocou a uma colega que se atreveu a morder gratuitamente as bochechas à minha prima. Alto lá! Na minha prima só eu é que mordo!! Andei à pancada com rapazes no liceu. E digo pancada porque foi o que levei e o que dei de volta, sem tirar nem pôr. Ao contrário do que se possa pensar as raparigas não batem à chapada. Isso é só para despistar vítimas mais desatentas. Por norma envolve mesmo um punho fechado...e muito anel. Sobretudo quando houve alguém que avançou a mão para onde não devia. Seguiram-se anos de uso intenso de aparelho nos dentes. Mas hoje não se nota.

O que é curioso nisto é que cresci e tornei-me na criatura mais não-violenta que pode existir. Tenho aliás um fundo profundamente pacífico que resvala quase na cena zen. Não curto especialmente campaínhas, o laranja não me favorece e tenho cabelo comprido. Mas fora isso é igual. E julgo que este canto na blogoesfera é apenas a materialização de um lado mais mordaz e aguçado que contribui para manter o espírito crítico mas que não precisa de passar pela frontalidade física para se impôr. Em última análise acho que o crescimento e a boa formação pessoal é um pouco isto também: a passagem ao acto dar lugar à elaboração e digestão cognitiva daquilo que nos chateia cumá merda!!! De facto, este é o único espaço onde me presto a refilar sem olhar a consequências. E é tão bom, c’o a breca!!

Deste modo, venho promover uma iniciativa pela primeira vez neste blog para sinalizar o quase 1º Aniversário do "...da Joana": está aberto o conluio para encontrar o post mais rabujento. É o vale-tudo da escrita minha gente!!! Só não vale arrancar olhos e usar do mau gosto! Durante umas quantas linhas (cujo limite deverá ser as 30) a regra é a catarse pura da rabujice. Nos próximos dias deverão enviar os vossos textos via e-mail para comeawaywithme@sapo.pt . Os sete posts mais inspirados serão publicados durante a semana da ‘Rabujice gratuita mas minimamente inteligente’ que decorrerá durante a segunda semana de Dezembro. Acho que é a forma mais bonita de preparar a chegada do Senhor aos nossos corações nesta época que antecede as festas: há que exorcizar o mau feitio antes da confissão para a missa do Galo. Toda a gente sabe aliás que que aquela história do sétimo dia da criação do mundo é uma perfeita treta. Qual descansou qual quê! Ao sétimo dia Deus olhou para a sua criação...e refilou.

Os posts serão sujeitos a votação através do polhost e o 'vencedor' -esse título tão badalhoco- ganha uma menção honrosa meramente sentimental sob o título ‘Eu fui rabujento em dezembro de 2004’. Atempadamente roubarei uma imagem na net de um rolo da massa para conceptualizar melhor a coisa. Não há prémios e os vossos blogs não serão mais visitados por isso. Provavelmente perderão leitores. Mas vai dar um gozo danado. E estar na blogoesfera é apenas isso mesmo. Por isso, sintam desde já a vossa 'refilice' acolhida no seio deste blog.

Atenciosamente e sem mais...HUNF!