2/28/07

Cof...Cof....!!!

Shiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiuuuuuuuu 
[Perlóim-perlóim]


O faduncho do malandro borracho


Eeeeeeeeee-aaaaaaAAi.

[Perlóim.]

Ainda-lá-vinhas-desajeitado

de sono mal acordado
Ainda-entortavas-a-calçada-meio-ressacado
Já meu peito pulsava
este fadinho apaixonado.

É sempre assim

Ainda o dia não rebentou
Já antecipo ao longe a chatice
E o caldo que entornou

[Aaaaai. Cuidado a atravessar essa estrada].


E de dares meu beijo, nada

Que passo por antiquada
De não confessar a timidez
Pá próxima saia como saia
Levas-co' estes-lábios-d-uma-vez.

[E se quiseres chama-me de danada.

Mas com essa idade tão avançada não-perdes-pla-demora.]

Lembro bem o dia do primeiro beijo

Perguntaste-o-que-fazia-quem-eu-era-
"que-mal-te-vejo"
que estavas com o alemão, e respondi, 
se gostasses mais de mim [bis]
eu cá não me importava, não.

Aaaaaaaai meu malandro.

com-o-teu-jeitinho-desalinhado
Teu-parco-cabelo-desgrenhado
Me-deste-cabo-do-coração
E nunca mais eu me vi endireitar
Para outra direcçãaaao.

[Endireita a dentadura amori, olha as pessoas.]


Podias até chamar-me torta

E mentiras assim.
Para me entortar contigo
Até que endireitava
E-podes-crer-até-soava
a-doce-castigo-para-mim.

Que pra mal da minha boca

És um magano que desatina
Só perto dos teus lábios
ou da guitarra aqui do Zé
é qu'esta magana afina.

[Anda lá com essa guitarra Oh Zé]


(remate de conversa com trejeito de pescoço. Pausa pá guitarrada)


[Ora vamos lá a isto...]


E se essas outras mulheres

Perguntarem por ti
digo que és assim-assim
Mulher é bicho invejoso.
E nao fiando  nesse falar dengoso

És viril, nobre, e forte

Lá à tua maneira, enfim.
Meu Deus, a sorte
De-emcabestar-co'-um-velho-assim.

(Sobem as guitarras a antecipar o clímax)


Que ele é malandro, é sim senhora.

mas não é por mal
Só gosta de beber seu copito
Mais-uns-dois-ou-três-e-tal.

Mas no fundo, no fundo

No fuuuuuu-u-undo
E homem frágil, coração mole
e na vida só anda direito
quando se equilibra no meu peito.

E a arritmia daquele coração

só sossega a descansar no meu
E malandra que o queira logo a ponho a andar
Que este malandro até já está a ressonar
Mas o malandro borracho é meeeeeeu!

Perlóim-Perlóim!







A partir de uma noite de fados. Ela trazia a mouraria à cintura, e os modos de falar da Alfama que a adoptou. Era alta, loura, madura jovem e de grande peito maternal. Abria a boca que era uma agressão à alma. Ele trazia na voz, e no equilíbrio trôpego, o cantar de quem já cantou bem, noutros tempos talvez. Jocosos não eram seus fados, mas sim o seu cenário. E enquanto ele cantava, encantando as mesas com o fado da ‘manhosa’, ela lançava-lhe piropos apaixonados de quem ameaçava levá-lo para casa nessa noite. E o que é certo é que eles saíram primeiro do restaurante.  Nós ficámos agarrados às guitarras. Agora por falar nisso... quem é que terá fechado o restaurante nessa noite?

2 comments:

Anonymous said...

Ah fadistaaaa!!!Assim é que é!!!!És a maior!!! Tu és grande pá!!!
Bravo!!!CLAP CLAP CLAP CLAP CLAP CLAP CLAP...
BJO
Marta

Anonymous said...

Epá tu tiras-me do sério com posts destes!
MAs onde é que tu arranjas a imaginação??

Beijinhos