8/13/06

Querido Diário,

A Marta veio cá passar o fim-de-semana. Precisava de fazer uma coisa relaxante como ir para um Spa ou assim. “Eu quero é calor!!”- Disse-me ela. E eu fiz de imediato o convite: “Então vem para cá amiga. Não te vais arrepender”. Assim foi, e lá deixou a costa da Caparica pelos 40 graus do meu 4º andar de águas furtadas. Por momentos assustei-me um bocado. Vinha muito vermelha e fazia um esgar imperceptível. Já se sabe, esta gente da Costa não sabe o que é calor a sério. Alguma quebra de tensão. Enfim, os Spas normalmente também não são em 4ºs andares sem elevador e a Marta não faz exercício desde os 10 anos de idade porque aos 11 começou a fumar no pátio de trás da escola.

Como aquela miúda vinha carregada! Logo me apressei em abrir a porta e dar-lhe um abraço apertado. Arrastou-se um bocado, mas felizmente ainda consegui agarrar nela antes de desmaiar, a tempo de não bater com a testa no intercomunicador. Sabe Deus como aquele aparelho já funciona mal por si só, quanto mais… Diz o electricista que os 92% de humidade cá de casa interferem com os circuitos. Por isso todo o cuidado é pouco.

Depois de algumas inalações de ventilan e dois copos de água, começámos em beleza, e com uma sessão de corte: “Olha lá…tu sabes cortar cabelos?”. “Sei!” – Disse-lhe. Acho que até nem me saí muito mal para primeira vez, sobretudo tendo em conta que tive de usar uma tesoura daquelas para podar as unhas dos pés.

Nessa noite resolvemos arejar um bocadinho. Levei-a até ao Plateau. Sempre achei muito engraçado dançar aquelas musiquinhas dos Village People e da Gloria Gaynor. Ela não dançou muito. Passou o tempo todo atrás do pilarzito junto ao bar. Para esticar as costas possivelmente.
Quando a fui acordar no dia seguinte para irmos almoçar estava deitada numa posição rígida e olhos pregados no tecto. Transpirava que nem um cavalo de corrida e balbuciava coisas estranhas de modo arrastado. " Fo##@*** q' isto é pior que acordar numa tenda no meio do deserto". Estaria de ressaca? Não percebi.

Nessa tarde acedi em enchê-la de mimos. Comemos muito queijo fresco e ouvimos na comercial, "O meu blog dava um programa de rádio". O locutor lia os textos de um rapaz muito sozinho e muito triste com a vida, que ainda por cima era imigrante. Foi muito comovente. Acho que ela também gostou porque soluçava muito e dizia mal da vida. É a beleza destas coisas...um gajo identifica-se com aquilo. E ela sempre foi muito sensível.

Às tantas pediu-me: “Olha lá…não te importas de me arranjar os bigodes?”. E arranjou-se. O buço e as sobrancelhas. Ela ficou tão bonita!! E eu, que orgulhosa, por vê-la estupefacta a olhar para o espelho. Ela nem queria acreditar! Confesso que até me senti um pouco aborrecida que tivesse ido de óculos escuros para o café. O que é bonito é para se ver e, fora uns hematomazinhos de nada e as babas que hão-de desaparecer logo-logo, é engraçado verificar como quando se tira pelinhos em quantidade suficiente os olhos ficam logo com outra expressão. Os dela pareciam bem maiores.

Bom, é domingo e lá foi a Marta à vidinha dela. Despedimo-nos junto ao ecoponto. Por acaso cheirava um bocado mal ali. Cá entre nós, tive pena que ela se fosse embora tão cedo. À medida que enfiava as garrafas de plástico no contentor não pude deixar de reparar na minha amiga, carregando apressadamente a sua pesada Louis Vitton, e ajeitando os óculos que lhe escorregavam pelo nariz enquanto esbracejava ao motorista do autocarro. Sempre a correr, coitada. Acho que ela está mesmo é a precisar de descansar e de passar tempo de qualidade com os amigos.

Por isso tive a pensar... e decidi fazer-lhe uma surpresa no feriado. Já pus de lado uns casaquinhos de malha, que aquele ventinho da Costa nesta altura não é para brincadeiras. Acho que ela vai gostar. Até porque saiu tão à pressa que acabei por não lhe fazer a tal massagem tailandesa... Tss!


2 comments:

Bigmac said...

Vestido a rigor (foto em cima) para melhor me confundir com os locais de estilo branquinho e lavadinho, lá me desloquei ao Egipto aproveitando em época baixa uma promoção de viagens da net . Claro que esta deslocação foi quase forçada por uma amante virtual descoberta pelo seu marido, que talhante, me tinha ameaçado cortar o mangalho e colocá-lo na soleira montra do seu estabelecimento junto às alheiras de Mirandela. Um pouco receoso decidi não arriscar essa sina depois de o ter tentado convencer a não cometer tal acto atroz. Inflexível a tal demanda e perante desmesurados argumentos, decidi apanhar um ar menos vaqueiro.

Preparei convenientemente a viagem efectuando buscas informáticas sobre sopeiras regionais Egipcias e outros condimentos gastronómicos e depois de várias conversas num chat africano admiti ter encontrado a mulher da minha vida.

Enfrentando a imprevisibilidade de um “Date” internacional em tórrida terra, esperei a minha musa no bar do hotel, ansiando cada segundo pelo encontro, tragando whiskies a cada minuto e embebedando-me em menos de meia hora.

Ela chegou artilhada dos pés à cabeça com os argumentos carnais que o seu Deus Egípcio lhe fornecera gentilmente e começámos a conversar depois de um longo Kiss introdutório. Parecia impressionada com o meu aspecto e as minhas indumentárias que respeitavam interiormente a cultura do seu país.
Quente pelo beijo e pelos Whiskies crescia a expectativa de a conhecer, para tal acrescentámos a todos os argumentos descritos o seguinte diálogo:
- Estava com algum receio de te conhecer minha princesa.
- Eu também meu amor de Portugal.
- Quero avisar-te que as minhas expectativas quando são concretizadas não duram mais de 3 minutos.
- Porquê amor?
- É a primeira vez que falo com uma gaja sem ter de usar o cartão de crédito, e tenho de me despachar para não sair muito caro. Tenho de avisar-te também que tenho herpes genital e necessidade de me coçar regularmente o que me impede de me sexuar prolongadamente.
- Portugal tem coisas tão bonitas, aqui não existe isso amor!
- Pois não! Foi um policia transsexual que me pegou isso e sem me ler os direitos.
- Mas já fizeste isto antes?
- Não, mas o Barman disse-me que na happy hour podia ter uns Wiskies de borla.
- Não brinques, responde! Já fizeste isto alguma vez?
- Não, nunca. Estava combinado fazer no mês passado com uma conhecida rameira da net mas a porra da herpes labial rebentou e então tive de desistir do Kickbox com o marido do talho. Para além disso a minha noiva morreu quando tinha 15 anos e os meus amigos incentivaram-me a vir copular e conhecer novas coisas depois também de ter perdido um rim numa bebedeira de um casamento homossexual onde acordei com duas cicatrizes, uma era nos rins. Por acaso não viste por aí algum espanhol a correr com um saco arrefecido na mão?
- Algumas especiarias egípcias curam o herpes com um adsevinho discreto, mas ainda não inventaram o ponto certo para outras perfurações do sono. Mas o que fazes na vida?
- Sou advogado, defendo crimes sexuais de menores e em part-time faço e pago seguros de vida e apresso os idosos a entrar na cova para receber o dinheiro, mas primeiro conto umas piadas, eles têm de se divertir. Mudei de vida recentemente, era padre católico mas devido aos escândalos recentes não irei auferir benefícios na segurança social.
- Isso é fascinante amor, aqui no Egipto não temos nada disso.
- Eu sei, é por isso que estou aqui, além de te querer copular ainda existe oportunidade de negócio, temos de expandir os horizontes. Para além disso estou a escrever um livro.
- Um livro? Sobre o quê?
- O erotismo homosexual, precisava de conhecer alguns rabilons locais para experimentar umas teses da vida nas prisões. Estou certo que compreendes minha gíria egípcia!
- O que queres saber sobre mim?
- Nada, apenas no que pensas quando te masturbas.
- Como?
- Claro que te masturbas, admite!
- Não!
- Só existem dois tipos de mentirosos egípcios, os que dizem que não e os que dizem que desistem.
- Estou a começar a desconfiar que não queres ter uma relação séria comigo. Pensava que subíamos para o quarto e depois de muita apalpadela, linguas torcidas, esfrega-esfrega e o coça-coça das herpes podíamos casar.
- Estou desconfiado que se o fizesse veria essa bela donzela pela porta entreaberta da casa de banho a mijar de pé.
- Mas iria escorrer pelas pernas.
- Acredita minha filha, tem fé, é a fé que nos une, um dia hás-de conseguir mijar de pé.
E assim acabou a minha aventura em terras egípcias, a mulher da minha vida, a minha gíria egípcia não tinha sido moldada pelos padrões eclesiásticos que a fariam minha mulher.
Decidi em terras lusas enfrentar os barões assinalados em talhos desconhecidos.

tasque said...

eu tambem gosto bastante do teu, e tambem cá vim por recomendação do anarca ('xa cá ver qué que este gajo anda a ler, e tal).
coincidencias...