10/31/05

Manteiga d'alho da D. Júlia: até para quem não gostava de manteiga d'alho!...

...Começava mais ou menos assim a nossa jantarada, convencidos que estávamos do nosso brilhantismo humorístico tão-só por um plágio assumido do slogan da água com gás. A 'Baiúca' é um espaço paradigmático no bairro alto. Basta dizer que em nenhum outro restaurante se encontra na casa de banho um puxador de autoclismo elaborado domesticamente com uma coleira de cão e uma hera enrolada na mesma. Charme português Macgyveriano. Mainada! Pergunto-me que outros feitos fará aquela coisita...mas o respeito pelo bacalhau com natas que me esperava à mesa impediu que me detivesse mais nestes pensamentos. A D. Júlia, R.P. e anfitriã do dito cochicho é uma senhora à moda antiga. Enverga um ar matriarcal a rasar na 'mamma' à moda portuguesa. Trata todos os seus clientes por 'filhos' e tem aquela simpatia bruta tão castiça e acolhedora típica das mulheres dos bairros da 'velha' Lisboa, mulheres que já viveram muito e parecem ter uma força maior que a própria vida em si. Sabe mais de mp3 que eu:" Sabem filhas, que para a semana sai um que dá para mil e tal músicas!". E espantá-mo-nos.
O jantar aqueceu ao sabor da sangria e na altura dos parabéns a coisa esquentou ainda mais. Digamos que foi uma experiência nunca antes vista, aquela de cantar a famosa musiquinha anual de felicitações ao ritmo de um ensurdecedor alarme de incêndios. Nunca a Baiúca da D. Júlia se viu com tanto fumo. Era vê-la de guardanapo em riste afastando a fumaça do detector de incêndios e dez caramelos a afogar apressadamente as velas em copos de vinho branco. Risota generalizada, está visto.
À parte disso...do bolo ter sido comprado à Dan Cake, do aniversariante ter soprado 24 velas quando só fazia 23 anos porque (imagine-se!) a própria irmã (entoação de drama shakespereano) se enganou ao comprá-las, e o desgraçado que estava com dores nas costas (aflito por chegar a casa) ver o seu carro rebocado por estar correctamente estacionado fora da passadeira, fora tudo isto...foi um excelente convívio. Aahh, bairro alto...bairro alto. Tens sempre uma noite tão bela....até em noites de chuva, vento e chapéus de varetas partidas.

E aquela manteiga de alho (suspiro)...é tão boa que devia ser ilegal.

9 comments:

Voodoo-Goodfellow said...

LOL...Lindo! Não tinha realmente visto a noite desta perspectiva. A D. Júlia esteve realmente à nossa altura..ela era futebol, mp3, eu sei lá... uma Senhora muito à frente mesmo. Espero que ao menos o belo do pitéu e das gargalhadas, tenham servido para minimizar os danos morais e físicos vividos. Eu posso dizer que adorei a V. companhia, e que só por isso valeu a pena. Beijo Grande *

mfc said...

Pois é, as matronas lisboetas, quais varinas desde tempos imemoriais, têm dessas coisas. Gosto dessas "simpatia bruta", dessa brejeirice popular; porque por muito que nos armemos em snobs e bem educados, é daí que todos vimos.

Li o post e fiquei a apensar numa coisa, "Merda, não estava em Lisboa, se não tinha passado por lá, fazia-me amigo daquele amigo que ninguém sabe bem quem é, e ainda bebia um copo de vinho." (Tinto, porque sou alentejano.)

Anonymous said...

que saudades deste cantinho...ja nao vinha ca ha tanto tempo.. :) muahh ***

Anonymous said...

V.G, foi muito bom não foi mano? ;)
Muitos parabéns!!! :) Beijo enorme

Vodka e valium, Bom...não éramos assim tantos que desse para alguém se armar em penetra-casórios. Nem era preciso, serias muito bem vindo!! Se és alentejano e ainda por cima aprecias vinho tinto só podes ser boa pessoa. amigalhaçoooo, venham daí esses ossos!!! :)

Lana,... e eu de te ver por cá :)
Beijinho grande querida

Anonymous said...

Nem o próprio Eça de Queirós faria melhor descrição da nossa noite de sábado! Parabéns... Quanto ao desgraçado que estava ansioso por chegar a casa e viu o carro rebocado, para os convidados, sou EU e, com a boleia do grande VG, lá conseguiu...
Beijokinhas grandes

Anonymous said...

Estas tuas descrições das saídas ao Bairro dão vontade de te encontrar por lá. Batem de certeza a minha ocupação costumeira das 6ª-feiras à noite que consiste em traduzir a Biblia do hebraico arcaico para Mirandês corrente.
Beijo.

Alberto Oliveira said...

Na Baiúca jantei lá algumas vezes antes de partir para "viagens mais para dentro da noite" lisboeta.
A manteiga d´alho e a Dª. Júlia devem ter a mesma idade.
Para grande tristeza minha (ou não?!) retirei-me das lides; acalmei, que "só se vive uma vez". Mas que foram tempos imemoriais, lá isso foram.


(Portem-se à altura. Não me deixem ficar mal...eheheheh)

Beijinhos.

Anonymous said...

não é querer piorar a coisa...mas,...o certo é q estou praticamente convencida de q ele soprou,nao 23, nao 24, mas sim as 40 velas existentes...uma disgraça nunca vem só,não é,quirida?!!
bjo miga

Indibiduo said...

Já parecem as nossas jantaradas de arroz de cabidela na tasca do Ti Maneli.

Beijinho