11/3/05

O porquê das minhas meias encharcadas sobre este belo soalho...

Take 1: A noite do dia antes da manhã fatídica
Eu já devia ter juízo. Mas não. Nem mesmo com tanta carga horária resisto a umas noites de boa, excelente, companhia. Lá fomos. 3 horas de sono mas uma satisfação imensa pela noite anterior: snooker, ganhar o snooker (Ganhámos. somos grandes hein, parceiro?) ouvir um gramofone real pela primeira vez; conversa agradável por demais; linguiças que passaram por chouriços; ginjas que passaram por azeitonas; horas que passaram por minutos (e agora entra em cena um largo sorriso). Mau, mau é sempre o dia seguinte.

Take 2: ele há dias em que chove cumá-merda
O despertador tocando ressoava no meu cérebro acordes gritantes e desconexos "Isto SÓóóó pode ser um pesadelo!!!!!". Com um terço de cérebro em funcionamento mediano-assim-assim...muito mau, na realidade, saí de casa para cumprir a obrigação de me deslocar à medicina do trabalho. Quer dizer, não saí logo...primeiro tomei banho, pus desodorizante nas axilas (porque sovacos têm os homens), perfumei-me e quê. [porque é que eu fui tão gráfica agora. Porque é que este texto tem tantos parêntesis?]
Procurava eu o nº 1 da av. Miguel bombarda, de olhos postos no céu (porque sou pequenita) quando se-me-invade-se-me um frio tenebroso nos pés. Tinha enfiado ambos os pedúnculos numa valente poça de água, praticamente até ao umbigo. E até aqui tudo bem...espantada ando eu de nunca ter 'aterrado' a meio do rio Tejo a nadar de bruços, a caminho da Costa. (Aqueles que me seguem há mais tempo sabem desta minha tendência para ao alheamento)...mas nada de encontrar o número 1. No entanto, contra a chuva, o vento e o frio (conseguem visualizar-me cinéfilamente num enquadramento austero??...caminhando com o nariz quase colado ao chão para não levantar voo?)...lá encontrei as instalações.

Take 3: o frasquinho
Entrei na clínica levando comigo metade da água de Lisboa algures entre as calças de ganga, meias e ténis de camurça. Agora que penso nisso, já faz mais sentido aquela queda circense da senhora das limpezas no hall de entrada. Hummm...Só achei um bocado exagerado terem chamado o INEM.
Bom, no meio daquela confusão passaram-me um frasquinho para a mão. E ao fazer a entrega pensei: "qualquer pessoa que me arranque da cama tão cedo para urinar para dentro de uma cena de plástico (e sabe Deus que eu era uma nódoa nas setas pela falta de pontaria) merece...no mínimo!!!...passar pelo susto de receber um frasquinho mal atarrachado" (confessem lá que também já vos apeteceu fazer a maldade).

Take 4: o gabinete
Fora os suspiros valentes da médica, intercalados pela ávida degustação de bolachas de água e sal enquanto analisava o meu electrocardiograma, a coisa correu bem. Por momentos pensei "ai meu pai, é agora a hora da verdade...ela está a franzir o nariz, está a ver ali qualquer coisa naqueles risquinhos que parecem letra de médico. O que é que o caramelo escreveu sobre mim???...ou isso ou as bolachas já estão moles". Estava tudo bem felizmente, porque ela continuou a comer como se não houvesse amanhã. A médica pôs-me a andar e eu fui a andar. Já não chovia. E estando o meu cérebro agora cativo às linhas orientadoras de um novo post para vós -meus muy estimados e resistentes leitores- entrou uma banda sonora diferente interferindo no meu monólogo interno: um som seco e imediato. Era de facto o dejecto fecal de uma ave pombídea caindo, bela e amarela, sobre a gola da minha gabardine. Olhei para o céu no alto das minhas olheiras e pensei...o tempo tá de chuva. Isto hoje o dia promete...e sorri.



The End



(Entram os créditos. Smooth jazz de fundo)

Joana- As herself
...

10 comments:

W. said...

Percebo-te perfeitamente! Hoje ando com um mau humor que não se aguenta! Até eu ando farto de me aturar... Mas há motivos para um gajo ser feliz??? 'tá de chuva, o trabalho é uma seca, 'tá de chuva, o despertador tocou cedo como o caraças e eu não o ouvi, 'tá de chuva, logo à noite tenho 3 horas de contabilidade para abrir (ou fechar) a pestana e... 'tá frio e as meninas andam todas encasacadas! Percebo cada vez melhor porque é que os finlandeses se suicidam...

Diego Armés said...

Ganharam... pfffff... Se eu não vos deixasse fazer o numerozinho, ainda lá estávamos a jogar. Que o Selvagem tem um mau perder... ui!

Mas adorei as azeitonas. E a bebida com "duas bolinhas". :) Tudo muito chique.

Tiny Score said...

ta muito bom!!

mas a av. Miguel Bombarda só tem consultorios de medicina do trabalho ou quê? é que a mim aconteceu-me exactamente o mesmo que a ti... quer dizer mais ou menos... o numero era o 129... não estava a chover (sol de rachar)... não havia poças de água (já não chovia prá i há 6 meses)... e o ceu estava limpido de aves pombalinas... portanto foi tudo como a ti... mais ou menos

mas gostei dos teikes ;)
beijios

Pyny said...

Como sempre eu presto atenção aos pormenores...Axilas? Eh eh:P Foi de facto um dia, digamos, diferente! Os parentesis sem texto, ou um texto sem parentesis, não tem graça nenhuma! (Isto foi um parentesis, sem parentesis)!!
Jola Amarela*

*- Tradução - Beijinhos

Indibiduo said...

St. Germain...

Com tanta gente ai para baixo, e o pássaro tinha de acertar em ti? è um sinal.

Em vez de olhar para cima, já experimentas-te olhar para o chão?

Acertas-te no frasco?

Beijinho esquimo(agora o nariz começa a ficar frio)

Alberto Oliveira said...

...a tua "falta de pontaria" foi compensada pela "extrema pontaria" da ave "pombínea"(?!)*

*Se o pombo sabe que lhe chamaste "isso", vai começar a perseguir-te para tudo que é sítio. Vais ter de andar de capacete...

Beijos... e um fim de semana à maneira!

O-ren Ishii said...

é dias assim k keremos...no outro dia tive que telefonar ao noé que a agua era tanta que pensei k tivesse chegado o grande diluvio!!! mas sao estes dias que fazem a parte comica da nossa vida! e a parte dos "ATCHIMMMMM" tb :P

R. said...

dps disso tudo ainda hapkbas nao compreensivas =P better luck next time ;) *

Oneres said...

Ja ha muito que não escrevia aqui... só para dizer que... não tenho nada pa dizer!

Ah... nada pa dizer, excepto: "ena pá... muito bem muito bem!"

Joana said...

pronto e assim se faz mais um episódio da vida de uma portuguesa cujo o título é: Um dia com a Lei de Murphy!