9/28/05

"Eu sou eu e a minha circunstância" disse esse grande filósofo Ortega Y Gasset

Havendo uns minutinhos para queimar enquanto se faz um download dei comigo a fazer uma série de inquéritos. Eles proliferam por aí. Ora enviados via e-mail pelos amigos ora como posts em blogs, estes pequenos testes que por norma pretendem adequar a nossa identidade a uma outra já existente...mas popular...aparecem por toda a parte.
Aparentemente, se eu fosse uma figura mítica seria um unicórnio; se fosse um dos desenhos animados dos Moscãoteiros seria a Julieta; entre os pecados mortais a luxúria; bebida alcoólica:um cocktail; estação do ano:primavera; se fosse umas das personagens do sexo e a cidade seria a morena de cabelos compridos (a mais certinha) e se acaso me convertessem num calhau precioso teria as propriedades de uma safira. Para concluir, de todas as personagens animadas da Warner Brothers aquela que mais se me adequa é o tweety.
Agora, o que esta porra toda diz de mim eu não sei!! E antes de entrar em processo de despersonalização e processar essa gente toda por perdas e danos psicológicos irreparáveis certo é que, assim de repente, e sem aprofundar muito detecto logo aqui uma série de incongruências. Note-se:

1- Eu sei que falo pelos cotovelos mas nunca em toda a minha vida fui tão ofendida. Tudo bem que o pássaro até é fofo mas ser comparada com um canário com perturbações da fala é dose!!

2- Unicórnio. Sem comentários. Quem não o foi já numa altura ou outra da vida...

3- Se me consideram a mais certinha do "Sexo e a cidade" como é que o meu pecado mortal seria a luxúria? Á-Á...não bate certo pois não?!

4- É impressão minha ou a Julieta era a única cadelinha solteira e boa rapariga na velha Paris? Quais é que eram as opções?...não ter uma identidade sexual bem organizada e aparecer-me o Aramis como resultado??!!

5- Eu não gosto de cocktails. Será das bebidas que menos consumi ao longo da minha vida praticamente abstémica. Chego a ser a vergonha das minhas amigas por tirar verdadeiro prazer de uma água do luso. Aliás...já não aguento as gargalhadas.

Portanto, o meu conselho é (mal por mal) se é assumidamente para matar o tempo ao menos que seja com os inquéritos da ragazza...ou aqueles inquéritos de rua...sempre oferecem um suminho ou um café a seguir e contribuímos para desviar os resultados de mercado de mais um detergente qualquer.

9/26/05

Reflexões domingueiras só postadas à 2ª porque esta bodega deu o berro!


A blogoesfera de virtual tem pouco ou nada. É. Pelo menos no que toca à fatia de bloggers lisboetas. Andamos todos aqui a mandar postas de pescada para o cyberespaço (o que é muito bom), plantando desaforos (o que é igualmente legítimo), semeando polémicas (o que eu muito respeito), criando laços virtuais salvaguardados pelo mito do anonimato por um lado, e por outro pelo princípio de que Lisboa é tão grande quanto mais a blogoesfera e blábláblá e chega ao fim de semana e lá vamos nós parar aos mesmo sítios: bairro alto, Incógnito e Lux. Desconfio com (quase) toda a certeza que nos últimos meses terei bebido a cervejita-ícone em copo de plástico nas ruas do bairro ao lado de uns quantos de vocês. Quase aposto até...ATÉ...que alguns dos que por aqui passam viram como eu nesta sexta-feira a trupe toda do ‘Inspector Max’ entrar pelo Incógnito adentro, desta feita sem o protagonista canídeo (que certamente terá ido acabar a noite para outros lados) a dançar frenéticamente ao som de Interpol, Franz Ferdinand, the arcade fire, the bravery, razorlight, the killer, new order e tantos outros que fizeram desse dia a festa Planeta pop no dito espaço. Quase que aposto...
E isto encerra um paradoxo absolutamente delicioso e cómico até. Afinal de contas o que é se esconde e o que é que se revela? O que é que separa realmente o convívio de uma caixa de comentários do ajuntamento ‘ensardinhado’ na rua da barroca? Será que somos assim tão mais genuínos aqui do que lá fora? Será tudo uma questão de rosto? E se sim, rosto físico ou identitário?...E no meio disto tudo penso: porque é que o meu mouse está a dar o flato mestre?!?!

Brrrr...Sou só eu ou este final tem semelhanças assustadoras com as crónicas do ‘Sexo e da cidade’?!...O calafrio que isto me deu...Bom, fume-se um cigarro.

9/21/05

Não será pretensiosa a designação de Assistência técnica?...


Reparando que estava com problemas no seu e-mail da empresa, um amigo meu que, por uma questão de confidencialidade, vamos chamar de João Pedro Serra Pereira Bastos... de Lima...e coiso...resolve ligar para a assistência técnica do serviço de apoio a clientes:

- Boa tarde, eu precisava de ajuda a resolver o seguinte problema: tenho estado toda a manhã a receber e-mails e no entanto não os consigo enviar. Não percebo o que se passa...
- Com certeza sr. Coiso... vou-lhe pedir então Sr. Coiso que faça o favor de nos enviar um e-mail a expôr essa situação.
- ...

9/18/05

Curtas de Babysitting: porque a vida não é redonda como um carrossel nem os cavalos são de pau

- Maria, a mãe pediu para ligares à avó para lhe dares um beijinho e saberes como ela está. Parece que está doente.
Deixei-lhe o contacto e fui à cozinha buscar-lhe o lanche. Ao chegar de iogurte na mão ouço-a ainda ao telefone:
- E-pá...isso não é NAAAADA bom! Ainda bem que eu não sou tu!!!! (rindo)...hehehehe


Reflexão pós-incidente: A sinceridade desbocada das crianças desarma e às vezes pergunto-me onde foi que morreu o conceito do capuchinho vermelho e da cestinha com bolinhos. Isso e onde estará o lobo mau nestas alturas. Na barriga da Maria?!

9/15/05

Parábola: E um dia Ele foi caminhar com os pobres...

















...mas esqueceram-se lá do desgraçado.É que bem podia "esbracejar"!!

É por causa destas que não me apanham em excursões. Esquecem-se até de quem traz o vinho.


9/13/05

Alguns leitores excessivamente simpáticos sugeriram um livro deste blog. Obviamente não levei a sério a coisa mas considero um tremendo elogio que me leva a pensar que se calhar até me querem mesmo ler noutros formatos. Ou não... mas o que está dito, está dito. Assim, optei pelo formato-disparate.

Joana, a mandar postas de pescada desde a semana passada em mais um blog perto de si:
http://lixosocial.blogspot.com

Tudo aquilo que sempre quis saber acerca do síndrome pré-menstrual e ninguém teve pachorra para lhe explicar...


Contrariamente à imagem veiculada esta não é uma criação fantasista da mulher para poder estourar com os nervos do companheiro por puro capricho, salvaguardada pela determinação biológica. O PMS é uma realidade. Durante aqueles dias tudo no organismo se conjuga à semelhança de complot cósmico para fragilizar a fêmea. É a sensação de ser tomada por uma força invisível mas com a pressão esmagadora de uma bigorna...não...de um tanque...não...de um porta-aviões...não...de um porta-aviões, mas daqueles que foi ao fundo. É mais isso. De repente o corpo toma conta de tudo e a pobre que o ocupa...de um porta-aviões que foi ao fundo, imediatamente após ser bombardeado. Agora é que é. Dizia eu que a pobre desgraçada no período em que espera o período e mesmo durante os primeiros dias do período não manda em mais nada. Deixa de ter voto na matéria. As pernas ficam empedernidas... e doem. A zona lombar é atingida por dores lancinantes, semelhantes a ser atingida por voodoo...e dói. Para além de todas essas há as dores de cabeça; as dores nas costas e os seios que ficam rijos que nem pedra e intocáveis...do tanto que doem. Por isso, se por acaso se cruzarem no corredor com uma mulher que não reconhecem, arrastando um look-zombie e os chinelos sobre os tapetes, o mais provável é mesmo a mulher ser a vossa...mas com O síndrome.

Por todos estes motivos se torna clara a injustiça de a mãe natureza ter agendado para esta fase do mês uma líbido tão particularmente acesa. Pergunto eu...PARA QUÊ????!!!!! Nesta altura, a mulher tem a capacidade de ataque implacável de um felino, e a voracidade de um...mas encarcerada na rigidez muscular de um saco de boxe e na prostração física de quem foi à máquina de lavar por engano e encolheu. Na realidade tenho uma teoria: o motivo pelo qual algumas mulheres serão tão insuportáveis para os seus companheiros nesta fase é pura FRUS-TRA-ÇÃO. Nunca as vossas mãos, pescoço, costas e expressões características se tornam tão particularmente apetecíveis como nesta fase. Às vezes bastará um certo franzir de sobrolho para dentro da mulher ecoar um 'MEU DEUS! Como este homem é sexyyyy!!!!!!' e para se sentir um achaque característico por um calafrio na espinha e um impulso imediato para avançar sobre o macho sem qualquer dó nem piedade. Agora imaginem sentir tudo isto...e não poder. Assim, quando ela vos virar as costas a uma pergunta não assumam automaticamente que foram ignorados. Sigam-na, porque vão descobri-la algures a morder os dedos e a roer as unhas. Em personalidades mais neuróticas até podem dar com elas a gritar : "PORQUÊEEEEEEE???".

À parte portanto das dores sobejamente conhecidas, a mulher é de repente inundada por emoções avassaladoras que configuram um mundo altamente melancólico, bucólico e chorável...e acreditem que a influência é de tal ordem que até mulheres como eu dão com elas a chorar em frente à tv. Não que a programação actual não dê mesmo vontade de chorar mas em circunstâncias normais ninguém se comove com o diário de um casamento do people&arts. Quanto muito chora-se com aqueles vestidos de noiva e só mesmo um estado de loucura temporária justifica verdadeira comoção perante aqueles pedidos de casamento desajeitados...isso ou quando acaba a caixa familiar dos gyilian. A propósito, esta tendência para consumir chocolates está perfeitamente fundamentada por estudos científicos. Aparentemente o chocolate tem uma propriedade que acelera a produção de endorfina, que por sua vez contraria o humor 'down'. Eu citava o artigo porque está ali nos meus dossiers mas não me apetece ir procurar porque estou na hora do saco de água quente e dói-me demasiado os rins para me levantar.

Adiante...O PMS torna a maioria das mulheres num teddy bear...mas daqueles com mau aspecto, com olheiras e barriguinha inchada. Em mulheres com mau feitio a priori aí sim, a coisa assume os contornos de um Chuckie. Neste último caso, convém não abusar na aproximação. Nunca se sabe quando é que a frigideira pode ser arremessada na sua trajectória. Caso a sua fêmea seja desses casos que suscita comentários como 'ela é uma pessoa que tem lá o seu feitio especial', não vá o diabo tecê-las, aconselha-se a esconder tudo o que é bibelot.
Mas quebremos antes os mitos. Na sua maioria aquilo que as mulheres desejam é aninhar-se apenas no abraço terno e incondicional do namorado. O sofá, um bom filme ou a aparelhagem com o som certo, e um cafuné. Não exageremos, não são aconselháveis nesta fase pedidos de casamento, convites para viagens alucinantes, desafios para mudanças drásticas. Nós não estamos preparadas para isso nestas alturas. Desenganem-se, nenhuma de nós quer que o companheiro perceba então, aquilo que não percebe nos restantes vinte e tal dias do mês. Mas também não importa. Palavras-chave: sofá, filme, cafuné, meiguice, chocolates, chá, saco de água quente. Tudo isto no enquadramento do aconchego do mais-que-tudo é tudo o que interessa.

Nesta fase todos os afectos ganham uma proporção imensa; é como se cada núcleo de emoção, seja o amor, a fragilidade, o desejo, o medo fossem insuflados e que, tal como um balão depois de cheio, passam a ocupar muito mais espaço no espaço original. Connosco é mais ou menos assim, sendo que alguns destes balões por vezes parecem estar no limite e a sensação de poderem vir a rebentar nos dois minutos seguintes pode originar crises de choro tempestivas que não se consegue explicar de modo racional ao desgraçado(a) que nos tenta consolar com o volume de maços de lenços:
- Mas porque é que ficaste assim? o que é que tens?
- Sinto-me rebentaaaaaaAAAAAAAAAAAAAAAR!....(num mar de lágrimas e soluços)
- ó tonta...não estás assim tão gorda!!!!
E a sensação de não conseguir desfazer a confusão (porque o cansaço é demasiado) associado ao sentimento de que ninguém a percebeu vai colocar a mulher menstruada (palavra hororrosa, a propósito) na posição terrível que é achar-se profundamente incompreendida no abraço e palmadinhas exageradas do amigo(a) enquanto este(a) responde ao do lado em surdina mal-disfarçada:
- Tá com o período tadinha, não ligues...
Aquele mito da mulher de mau feitio porque 'está naquela altura do mês' é apenas isso, um mito. E se não falar por todas, falo pelo menos por algumas como eu. Fico mais mansa que manteiga numa torrada. Mais 'melosa' que um rebuçado esquecido numa mala durante os dois meses de verão. Mais derretida do que um corneto soft tirado numa praia assim que sai da máquina. Eu quero é mimos. Eu quero é muitos mimos...de preferência mesmo muitos...isso. Acho que não é pedir muito. Ou é?

... O que eu dava agora por um sundae de chocolate!!!




Já pode respirar fundo. FIM DE POST.

9/8/05

últimas...

Estamos vivos! O meu gatinho está muito melhor. O meu pai está muito mais pobre. O veterinário continua um banana. E se me estiveres a ler, tens o arzinho frágil e assustado de um culturista que entrou ao engano numa discoteca gay. E o meu pai pensa o mesmo...que ele disse-me. Aliás foi ele que disse primeiro.
Eu muito em breve terei mais umas linhas na palma da mão para baralhar as quiromantes...assim que isto sarar. Confesso que hoje o 'high five' com a mafarrica de 6 anos com quem faço babysitting doeu. A criança tem cá uma esquerda!...E diz ela que quer conhecer o meu gato...!

- Tá bem, um dia.
- Jo-a-na...?
- Sim.
- Conta-me porque é que tens esses pensos todos nas mãos.
- (sorri) Porque eu tive de ir com o meu gatinho ao veterinário e ele ficou muito zangado porque o magoaram com uma pica. E como era eu que estava a agarrá-lo, ele arranhou-me para se soltar. Percebes agora, querida? Eu fiquei com as mãos assim e tive de pôr....
- NÃaao! Isso a minha mãe já me contou. Eu quero é saber os pormenores. (sentando-se com a pose altiva de uma senhorinha) Conta tudo!!
-Mmmm...Maria...vai comendo a sopa mas diz-me uma coisa...alguém já te explicou o que é um blog?...






9/6/05

Comédia da vida privada (dos melhorzinhos que algum dia vai ler por aqui...dos assim-a-assim...quer dizer, nem tá gande espingarda mas lê-se)

Pressenti que algo ia correr mal hoje. Uma emergência familiar levou-nos até à clínica do costume. Ainda na sala de espera olhava para os outros que como eu esperavam notícias. Uma rapariga magra e de tez clara entrou de rompante e no auge do seus pulmões gritou : "A GORDA PODE ENTRAAAAR!"

Lembro-me de pensar "que forma de tratar a mulher, coitada...Então ela não vê que aquilo é doença?!...hunf, a besta! " mas foi então que eu percebi que era só chamar as coisas pelos nomes, quando se atravessa à minha frente uma tartaruga XXL dentro do seu lava-pés a caminho do gabinete das consultas.


A sala de espera de uma clínica veterinária é uma comedia porque podemos optar por ouvir as conversas sempre iguais dos donos acerca das maleitas que afligem o seu amigo desde que nasceu ou então, ouvir as conversas dos animais entre si, o que é muito mais giro. Tive o privilégio por exemplo de assistir a uma pequena conversa entre um porquinho da índia muito despenteado e um gato de raça europeia com excesso de peso. Aqueles dois eram hilariantes!! Sei lá, uma graça natural...um charme...eu que sei. De tal modo que dei comigo a rir à gargalhada e aterrar de novo nas conversas de chacha com uma cotovelada do meu paizinho : "Depois admiras-te que as pessoas digam que és estranha!!!".


O meu gatinho teve de fazer uns exames e ficar a soro. Ele é sem sombra de dúvida o gato mais meigo que algum dia conheci mas hoje mostrou o seu gene felino e em pleno direito. (Orgulho da mamã)...Tivémos de o deixar a soro durante algumas horas para daí a um tempo repetir um raio X. Custou-me imenso deixá-lo lá sozinho naquela mini jaula mas pronto, a galinha com amêndoas até estava a boa. Ao voltar é que a coisa piorou. Estava eu de novo na sala de espera e só ouvia o meu ‘bigodes’ miar lá dentro. Insistia com o meu progenitor que se tratava do neto dele. "Não é nada filha". "É pai, eu sei". "Não é". "Pai, eu sei o que tou a dizer, é ele e tá aflito". "Não é nada, isto não é o miar dele". Era. E dentro de 10 min descobriríamos que eu tinha razão e que os meus receios tinham fundamento. Ao vê-lo entrar na jaula parecia-me que a patinha em soro tinha ficado dobrada e ao chegar ao pé de nós, já de novo em cima da marquesa, quase descompus o meu pai por ao pousá-lo não acautelar que a pata estivesse direita. O sangue no tubo já denunciava qualquer coisa de errado. O meu pobre bicho rosnava baixinho em tom de lamento dorido. Agarrava-lhe na patinha peluda, debaixo das pantufinhas cor-de-rosa na esperança que aquele aconchego aliviasse a sua dor, e também a minha por não ter confirmado devidamente se ele tinha ficado bem deitado. Quando veio a hora de tirar o soro é que a coisa azedou. Sei por experiência própria (de ter tirado muitos) que, à falta de muito jeitinho, é coisa que dói. E aqueles 10 minutos pareceram-me eternos. A tensão muscular que nem eu nem o meu pai conseguíamos conter e a sua aflição rapidamente deram lugar a um grito agudo e raivoso de dor. E os meus olhos encheram-se rápido da imensa aflição característica de uma mãe. Procurava a todo o custo controlar-me até porque a visão já submersa impedia-me de ver o que estava a fazer, mas rapidamente a dor começou a escorrer lenta dos meus olhos. Aquilo correu mal. Nem o veterinário deu conta do recado. Já agora se me estás a ler...sempre te achei um banana. E o meu pai pensa o mesmo...que ele disse-me.

De repente perdemos o controle da situação e vi no meu gato um autêntico felino, com um institinto de auto-preservação não diferente de um qualquer tigre. Os instrumentos saltaram, havia sangue a espirrar por todo o lado e eu lutava para conseguir perceber se já tinham conseguido extrair-lhe a agulha. Foi mau. Mas acho que ficámos quites. Eu vim para casa cheia de gases (não, não estou a falar de puns) e betadine para além de vir atolada em merda de gato até aos pés.
Mas apesar de tudo tive um prémio de consolação. Os meus curativos foram admnistrados por um médico ou enfermeiro terrivelmente querido e genuínamente preocupado comigo. As minhas mãos tremiam ainda -como há muito não acontecia- e ele pegou delicadamente nos meus pulsos, em tempos belos e sem golpes, sorriu-me e perguntou um ‘tás bem?’ com uma familiaridade doce e baixinha, daquelas que sabem bem nestes momentos. Quem sabe?... noutra altura...noutro lugar teriamos uma historia bonita, e sem aquele cheiro a merda a atrapalhar...


O ambiente cá em casa é que está mau, diria mesmo pesado. Pra já porque cheira mal e depois porque o meu gato não me fala. Olha-me de lado. E acho que a coisa ficou pior desde que lhe tirei o prato de comida da frente. Tá em jejum médico durante 24 horas. Eu tentei explicar-lhe que há sitios no mundo em que os humanos o fazem por opção, não é nada assim de tão grave. Mas ele cerrou os olhos e afastou-se sem um miau, com a convicção régia de orgulho felino ferido. Agora o que é engraçado à brava no meio disto é que amanhã temos que lá voltar...PARA ELE LEVAR UMA INJECÇÃO.


Portanto desde já me despeço de vós, meus queridos e pacientes leitores e agradeço o vosso acolhimento na blogoesfera. Fui muito feliz aqui. Não, não chorem por mim. O meu destino já não está nas minhas mãos. Pensem apenas em mim nas vossas orações. Um (talvez) até amanhã...

..até porque custa escrever no teclado cheia de gase ( e não, não estou a falar de puns)

9/5/05

E o que faz falta é animar a malta.


No outro dia em visita a uma amiga em convalescença domiciliária fizémos o que toda a gente faz nestas circunstâncias para animar um amigo doente em repouso. Em vez de conversar com ela vimos televisão.
Um zapping rápido foi suficiente para perceber que está tudo na mesma: o Carlos Malato continua gordo, a Alexandra Lencastre continua magra e a mtv continua a passar aqueles programas sobre os rituais de acasalamento em grupo, aqueles em que eles mostram como os especímens fazem a corte. Eles esbracejam muito para evidenciar os kilos de ouro pendurado, mostrando assim que são um macho competente para assegurar a sobrevivência do lar, e elas se estiverem interessadas esfregam o rabo no ecrã. Interessante. Por acaso achei.


Novo zapping e alguém decidiu parar ali mesmo pela Mtv para ver um programa parecido com o "Jack Ass". A diferença é que este... pronto, como dizê-lo sem ferir susceptibilidades?! digamos que dispensa a existência de um cérebro. Não me recordo do nome mas é apresentado por dois jovens seriamente perturbados que fazem as torturas mais desnecessárias com animais agressivos de todo o mundo. Oscilei o tempo todo entre a náusea latejante e a aflição absoluta. Recordo-me de um crocodilo em particular...nunca mais o esquecerei...a expressão enrugada...a aflição no olhar gelado do pobre desgraçado...co'a breca, eu também ficava verde se tivesse que morder o rabo a um gajo daqueles. Sabe-se lá por onde é que aquela gente andou!! Isto hoje em dia não tá para fiar! Mas não me vou deter mais de um parágrafo com isto. Porque não. Apenas para dizer que a única parte divertida foi vê-los fazer hula hoop numa colónia de nudistas como se tivessem tido um ataque colectivo de epilepsia...Felizmente nesse dia o televisor não estava muito bom e havia umas partezinhas muito pequeninas da imagem desfocadas. O que foi uma grande chatice porque íamos todos arranjando um torcicolo no pescoço.
Bom, a minha amiga no entanto melhorou como que por milagre depois disto e já se mexe muito melhor. Acho que ter os amigos ao pé lhe deu novo ânimo.

9/4/05

P'las guelras d'uma pescada*!!!!


No dia 25 de Outubro chegam ao mercado três novas edições diferentes em DVD do filme 'Titanic'. Além de uma série de outros pormenores, todos os lançamentos trazem um final alternativo ao do filme original nunca antes exibido. Agora, ainda que mal pergunte, se estamos a falar do Titanic...er, qual fim alternativo (?)



* expressão emprestada do livro "História de uma gaivota e do gato que a ensinou a voar" de Luís Sepúlveda

9/2/05

Acerca da intimidade no feminino...


É sabido que as infraestruturas tem de se adequar as pessoasl. Isto porque, este verão, deparei-me com um cenário para o qual não estava preparada nem nos meus sonhos mais loucos, algo verdadeiramente vanguardista e curiosamente na recôndita Vila Real de St. António. Os algarvios estão muito à frente e tomara naquele momento ter a máquina fotográfica comigo para registar o que nem os meus olhos queriam acreditar. Mas acreditem.

O Algarve hoje pode-se orgulhar de ser uma região pioneira na valorização das necessidades femininas mais íntimas, onde se respeita as mesmas e se promove a sua continuação sem perguntas estigmatizantes como 'Mas porquê é que elas fazem sempre isto??!'. O Algarve abraça cada uma das mulheres portuguesas ao entrar neste novo milénio sem preconceitos pela sua condição.Minhas amigas e amigos o que eu encontrei em Vila Real de Santo António naquela tarde solarenga após uma magnífica feijoada de lingueirão regada com vinho branco equivale à 8ª maravilha do mundo moderno para as adolescentes e mulheres imaturas.


Ao entrar no WC das senhoras verifiquei em espanto boquiaberto... que tudo...tu-do esta-va aos pares: sanita, piáçaba e suporte para papel higiénico. Finalmente é possivel ir com a amiga à casa de banho sem ter de esperar em agonia só porque ela já vai estando mais aliviadita e entretanto borrifou-se completamente se já saiu uma pinguinha ou outra na cueca da companheira, porque o que lhe interessa mesmo é contar os últimos avanços com o vizinho enquanto faz aquele esgar de alívio.
Mas tudo mudou desde Vila real de St. António. Agora já se pode conversar calmamente durante o xixi:


- Passas-me o papel higiénico, por favor?
- Claro que sim, toma querida...mas explica-me lá melhor essa história com o teu vizinho: ele propôs-te fazerem sexo numa casa-de banho pública?!...
- Sim, para ser diferente.
- Oooh...! E tu, que fizeste?
- Disse que não, claro. Acho um nojo essas misturas!

9/1/05

Dia 1...Abriu a nova temporada!!

O Primeiro e único post neste blog com alguns momentos realmente cínicos...


É a rentrée! Já trouxemos os rabiosques da areia de regresso às cadeiras dos computadores onde, apesar das dores lancinantes nas costas e da hipertrofia muscular dos dedos, lutamos por encontrar só mais uma linha com piada. Somos patéticos... e é tão bom!!

Assim, os meus desejos para a nova época é de que no futebol haja muitas contratações idiotas e despedimentos de treinadores q.b. para inspirar os blogs que se dedicam a estes assuntos; que a actividade política continue como fonte principal para posts inteligentes barra aborrecidos e que a indústria da 7ª Arte continue a ser dominada por Hollywood para que quem teima insistir na miopia americana com base massiva nesse argumento -havendo tantos outros disponíveis- denuncie o contracenso de que também não recorre às alternativas cinematográficas existentes.

Espero ainda sinceramente que a blogoesfera seja cada vez mais um veículo de mudança que traga a este país uma crescente consciencialização daquilo que realmente interessa ser falado ou seja, que esses bravos rapazes e raparigas que lavam o cabelo e os dentes (abençoados!) possam continuar a descrever a sua higiene pessoal e afins em pormenor cirúrgico no seu blog...porque a alternativa seria um diário pessoal. Obrigada por gargarejarem mais alto a vossa voz. Tenho ainda a desejar que as fontes de inspiração para blogs apreciadores de coisas-que-ninguém-conhece-senão-eles-próprios continuem a jorrar novas linguagens musicais e de escrita irreproduzíveis, continuando os seus admnistradores a alimentar-se da arrogância impermeável a que já nos habituaram.
(linha para reflexão...........................................................)
Enfim, vá...temos que saber condescender perante aqueles que não tem amigos na vida, não é? A culpa não é deles, é só do seu feitio estuporado (um abracinho colectivo, pronto!!!!)
Porque é esta heterogeneidade que dá cor à blogoesfera...há espaço para todos neste imenso mundo virtual. E isso é muito bonito, ó diabo! E aqui não há um mínimo de ironia da minha parte.

(Acabou de entrar na parte séria deste post)
Acima de tudo faço votos que seja um ano produtivo, dado à pesquisa por conceitos renovados de criatividade, à evolução pessoal e a esse princípio essencial que nos norteia a todos que é o profundo amor pela escrita. O mote é o partilhar das coisas boas com os companheiros internautas que de repente ganharam uma importância avassaladora na nossa vida; a troca de experiências, o enriquecimento pessoal que decorre do encontro salutar de registos e referências diferenciadas. Bom, isso tudo e os engates de ocasião...
(Pedimos desculpa pelo lapso durante o raciocínio anterior)

...Portanto, acima de tudo, quero desejar-vos a todos o melhor para este novo ano. Que seja um tempo de concretizações para todos nós, a nível pessoal e profissional; um ano com muitas gargalhadas logo pela manhã; muita inspiração na escrita e nos comentários. Que seja a puta da loucura...
(Perdemos o controle da linguagem...ok...desisto! Que é que se passa com sistema nervoso central?? Tão a jogar cartas ou quê?...hellooo???!!!...mas o que é se passa neste cérebro hoje?)

...Venha o champanhe pessoal! À nossa!




Meninas, se puderem passem depois pelo Fumos. Parece que por lá a rentrée inclui fotos com nús artísticos do próprio PN. Há-que ter amor à arte. Quem é amiga, quem é?! Link já aí em baixo do lado direito.